30.3.10

Abertura


Esta Viagem para a Bolívia foi idealizada por Beatriz Lemos.

Fui para Santa Cruz de La Sierra no inicio de novembro de 2009. Retornei em dezembro no dia das eleições para presidente.
Na ida o avião tinha um jacaré pintado na lataria. Seria melhor sempre um animal que voa estampado em algo que voa, mas me encheu de alegria imaginar a imagem do jacaré atravessando as nuvens.
Na volta a Companhia Aérea do Jacaré sumiu com a passagem e voltei de ônibus até o Rio de Janeiro. O motor explodiu no pantanal boliviano logo inicio.
Em Santa Cruz de La Sierra montei uma exposição de fotografia chamada “Uma epopéia fotográfica” na galeria Kiosko.
Depois de Santa Cruz fui para La Paz  que foi El Infierno das víceras por causa da altitude. Fiquei quatro dias na horizontal. Conheci a origem das riquezas mundiais na miserável Oruro e participei de uma panfletagem em uma mina com os trotskistas da Liga Internacional dos Trabalhadores. De lá fui para Ilha do Sol no Lago Titicaca, Salar de Uyuni, Cochabamba e novamente Santa Cruz de La Sierra para fechar a exposição e retornar ao Rio de Janeiro.
Neste período quem estava por lá também era o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, debatendo com Evo Morales sobre o Lítio do Salar de Uyuni, maior reserva mundial até o momento.

Segue então prezado leitor, uma sequência de muitas imagens e poucas palavras de todo este caminho. Na Bolívia a contradição do mundo grita. Em todos os sentidos. Em todos os aspectos. As extremas paisagens naturais, rurais e urbanas. A extrema capacidade de resistência e luta de um povo.
A primeira impressão que tive foi a de uma gigantesca Uruguaiana (bairro do centro do Rio) só que com índios no lugar dos negros.

Fica aqui uma definição pitoresca do país, que vi em um livro que esqueci:

“Uma tragédia viva que se desenrola a cada momento entre a fome, a miséria e a extrema violência. O país dos duzentos golpes políticos e mais de duas mil rebeliões indígenas. O paradoxo de governos que duram doze horas. A loucura de ter em um só dia seis presidentes. O grotesco de um general que comandou trinta e três golpes. O país do exército que perdeu todas as guerras contra o invasor, mas venceu todas contra seu próprio povo.”